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O parto pélvico, a cesariana e o poder nascer como a natureza quer

O parto pélvico, a cesariana e o poder nascer como a natureza quer

A atual política de promoção do parto natural, mesmo após um nascimento por cesariana, é algo relativamente recente. Ainda não há muito tempo acreditava-se que o facto da mulher ter tido um primeiro filho por cesariana, implicava que os seguintes nasceriam pela mesma forma. No entanto, a tendência é apostar num regresso ao parto mais natural possível e um dos advogados deste processo é o conceituado médico Obstetra Dr. Stuart Fischbein, convidado de destaque na conferencia Nascer em Amor, uma iniciativa que conta com a parceria da Pulguinhas.

 

Em entrevista à jornalista Laura Ramos* para a Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto, o Dr. Stu, fala do seu percurso, das mudanças na forma como vimos ao mundo, sobre o parto pélvico, a cesariana e o poder nascer como a natureza quer. Acredita que o medo é na verdade o único motivo pelo qual recorremos tanto à cesariana e temos tantas intervenções durante um processo que devia ser natural: “Medo! É a forma como são treinados. Não sei como funciona em Portugal ou noutros países europeus, mas tenho a certeza que é relativamente igual. Os nossos médicos internos são treinados em obstetrícia de alto risco e consideram tudo como se fosse anormal. Olham para o nascimento como para uma patologia, como se alguém viesse tirar o apêndice, e não como se fosse uma função normal do corpo, tal como respirar ou digerir, na qual não precisas de fazer nada.”.

 

O parto natural dos mamíferos

 

Por termos parado de deixar que a natureza seguisse o seu ritmo começámos a provocar alterações constantes na forma de “vir ao mundo” e isso, teme-se, pode alterar-nos enquanto espécie. “Uma das coisas que eu ensino e que não é ensinada, quando falo com médicos internos, o que não é muito frequente, e vê-se o queixo deles cair quando se fala sobre o parto normal dos mamíferos. Como é que uma fêmea de veado dá à luz? Elas encontram um lugar sossegado, sozinhas, e os outros veados não vêm avaliá-la e interrompê-la o tempo todo, e se estiver com fome, come, e se estiver com sede, bebe, e ninguém incomoda. Quando o bebé sai, o que acontece é que cai no chão. Então não é estéril. E ninguém corre para cortar o cordão, porque na Natureza ninguém separa o bebé da mãe. Os mamíferos não vão entrar em trabalho de parto se estiverem nervosos, então tudo o que fazemos à mulher em trabalho de parto é antiético, e não como a Natureza projetou ser para os mamíferos. Perguntamo-nos porque temos essas taxas de 30% de cesarianas, 85% de epidural e alto uso de oxitocina, e depois sentimo-nos seguros porque temos um bloco operatório no fundo do corredor para podermos dizer no fim: “Sim, acabámos de salvar o seu bebé!”. Bem, acabaste de salvar o bebé dos problemas que acabaste de criar.”, explica.

 

O parto natural em casa

 

Depois de anos a trabalhar em contexto hospital convencional, acreditou que o seu percurso faria mais sentido ajudando a que as suas grávidas pudessem ter uma experiência de parto natural em casa. “no Outono de 2010, deixei de ter prática hospitalar. Algumas colegas parteiras encorajaram-me e convidaram-me a vir assistir a alguns partos domiciliares. Eu nunca tinha estado num parto domiciliar e inicialmente ri-me e disse que não, que não estava interessado nisso. A maioria dos obstetras rir-se-ia. Eu estava mais confortável com certos serviços mesmo ao lado, como a unidade neonatal e a anestesia, pois é assim que somos treinados. Somos treinados em medicina como doença, em como algo pode correr mal a qualquer momento, em oposição ao modelo das parteiras, que confia na saúde e sabe que as coisas não correm mal à partida, se não se interferir com o trabalho de parto. Mas lá acabei por ir a alguns partos domiciliares e foi a melhor experiência da minha vida! Desde então, tenho estado sempre feliz com esta minha escolha.”, conta.

 

Uma missão: Parto pélvico

 

A promoção continua deste regresso ao estado mais natural dos nascimentos é o objective que vai continuar na agenda do Dr. Stu. Até porque o que é preciso é alterar a experiência de nascimento para mães e bebés: “Num momento tão importante das suas vidas, quantas mulheres realmente se sentiram bem com o seu parto? Claro que toda a gente adora o seu bebé, mas se perguntarmos às mulheres como foi a gravidez, como foi o parto, muitas dirão que não foram respeitadas e que não era assim que elas queriam que tivesse acontecido. Ouvimos estas coisas vezes sem conta. Por isso, precisamos dar um passo atrás e reavaliar a prioridade que a nossa cultura dá ao nascimento. Não fazemos do nascimento uma prioridade, mas deveria ser uma prioridade, porque é um daqueles eventos que vai afectar a mulher para o resto da vida.”

 

* excertos de entrevista realizada com Isabel Valente, Maria Torres e Sara do Vale – publicada aqui.

2Comentários

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      candy.silva
      Apr 27, 2018

      ola tive 3 partos normais sem epidural porquenão quis levar um em 2013 tinha (17anos)bebe tinha 3540 49,5cm ,2015 (20anos)3010kg 49cm 2018 ( 22anos)3965kg 50cm foi a melhor experiência da minha vida, voltaria a a repetir tudo novamente des da escolha do hospital ao nascimento dos meus filhos , NUNCA na vida queria uma cesariana nem 1 epitural , so mesmo em casa de nao poder ter um parto normal , e o meu sonho era que eles tivessem nascido em casa

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      Pulguinhas
      May 1, 2018

      Muito obrigada por partilhar a sua experiência, Candy. É realmente importante que a mãe tenha uma palavra a dizer sobre a forma como pretende ter os seus filhos e ficamos felizes por saber que os seus três bebés nasceram com amor e como desejou. Felicidades.

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