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Empoderamento feminino: A literacia do corpo na gravidez e na maternidade

Empoderamento feminino: A literacia do corpo na gravidez e na maternidade





A literacia do corpo, os (ainda existentes) tabus em relação ao corpo da mulher, aos seus ciclos e até aos nomes das coisas, há um mundo de conversas a ter a que o Círculo Perfeito dá palco. A plataforma, pioneira em Portugal, foi criada por Patrícia Lemos em 2010 e desde então tem ajudado "a mudar o mundo, um período de cada vez".
 
Conversar com Patrícia Lemos dava um livro, e na realidade já deu vários. Ainda em 2021 lançou "Não é Só Sangue - Uma Conversa Sobre o Ciclo Menstrual", no ano passado tinha editado já "Período - Um Guia Para Descomplicar", e em 2017 publicou  "The Goddess In You".

Mestre em Sociedade, Risco e Saúde e Educadora Menstrual e para a Fertilidade, Patrícia Lemos falou connosco sobre a literacia do corpo e sobre que aspetos considera fundamentais transmitir a grávidas e recém-mamãs.


O Círculo Perfeito é um projeto pioneiro em Portugal. Sente que ainda se fala pouco sobre menstruação, o período e os ciclos femininos por cá? Porquê?


Quando criei o Círculo Perfeito não havia nada nesta área – ou o que havia, para além de pouco, seguia uma linha semi-esotérica ou mística, se quisermos, de interpretação dos ciclos e das luas. Nos últimos dois anos tenho observado um maior interesse por estas temáticas e pelas questões da fertilidade. As redes sociais têm possibilitado a criação de espaços virtuais de discussão que são importantes, quanto mais não seja para combater o estigma que tanto a menstruação como a infertilidade ainda carregam.


Parece que as pessoas se apercebem mais facilmente dos benefícios da literacia ou da literacia financeira do que das vantagens da literacia do corpo?
Como se contraria esta percepção?


Da mesma forma como contrariamos as outras iliteracias: com educação. Fazendo as pessoas verem quais as vantagens diretas que retiram do conhecimento do seu corpo e de resgatarem autoridade sobre ele.
O trabalho aqui é árduo, contudo. As construções sociais sobre o corpo das mulheres, sobre a sexualidade e sobre a hierarquias, autoridade e a figura do médico, andam a par e passo com estes assuntos e Portugal tem muito caminho para fazer.



O que é fundamental para a Mulher perceber nas alterações que ocorrem no seu corpo quando engravida?


É fundamental compreender que gravidez não é doença, mas que é algo que tem custos para o corpo.
Romantizou-se a gravidez nas narrativas sociais, perpetuando a ideia de que “nascemos para isto”, logo é natural e fácil para o corpo engravidar e perdemos a noção de que sim, o corpo é sábio e capaz, mas não da forma como nos venderam. Uma gravidez será sempre o resultado de uma avaliação custo-benefício em que o corpo entende assumir o risco.
 Seria essencial entender esta perspetiva para reduzir frustrações às mulheres que tentam engravidar sem conseguir quando lhes disseram a vida toda de que seria fácil.




No pós-parto é comum as recém-mamãs sentirem descontentamento com o seu corpo?


É comum as recém-mamãs sentirem-se esmagadas com tudo o que um pós-parto exige, e, no meio de tudo isso, entrarão, sem dúvida, as pressões relativas ao corpo e o regresso às jeans que usavam antes da gravidez.
Andamos cheias de pressa. Queremos resultados rápidos e tudo para ontem e o corpo é uma máquina do tempo. Não devia fazer sentido eu querer estar igual ao que era depois de 9 meses de transformação. O corpo não é o mesmo. Está crescido, maduro, fez um bebé. Com isto não estou a defender que tenhamos de adorar ter estrias de recordação, mas sim o quão importante é ter um olhar gentil sobre o corpo e respeitar o tempo para que possa “reorganizar-se”. O “tempo” de um corpo em pós-parto devia ser interno e não o “tempo” do relógio e da sociedade que acha que 3 meses depois de parir já devíamos ter abdominais.




O que muda depois da gravidez e como podem compreender e gerir as emoções do seu “novo eu”?


Eu gosto de dizer que, se estivermos atentas, damos conta que muda tudo.

Se é obrigatoriamente para melhor, acho que é discutível.
Em alguns casos as alterações vão ser mais vincadas que noutros, mas há claramente um redefinir de prioridades e até da própria identidade. As relações (de amizade, de relacionamento, com mãe e pai) sofrem ajustes. 

Creio que o que importa é flexibilizarmo-nos para que a mudança ocorra. 
As exigências, sobretudo nos primeiros 3 anos do bebé, são imensas e estamos a viver tempos sem precedente ao nível das estruturas emocionais existentes para recém-mães – temos avós menos disponíveis, temos questões de emprego agravadas por cenários de pandemia que criaram dificuldades que nunca tínhamos tido, temos um país onde o apoio à primeira infância deixa muito a desejar, e temos casais muito isolados na vivência da parentalidade pela inexistência de família próxima… 

Toda a gente conhece a expressão de que é precisa uma aldeia para criar uma criança e a maioria das pessoas, hoje, não a tem.
Eu gosto sobretudo da frase que diz que todos querem pegar no bebé, mas ninguém se lembra de pegar na mãe. Acredito que qualquer pessoa a embarcar numa jornada de parentalidade tem de ter quem lhe dê colo.  




Além de ebooks, livros e webinares, o Circulo Perfeito também oferece sessões online. A quem se destinam, como e quando marcar?


As sessões do Círculo Perfeito destinam-se a todas as pessoas em anos menstruais que queiram saber mais sobre o seu ciclo, saúde menstrual ou fertilidade. Costumam vir casais a tentar engravidar, quem já teve bebé, quem quer aprender a monitorizar o ciclo, quem quer parar a contraceção hormonal, perceber mais sobre a sua síndroma de ovários poliquísticos, ganhar uma perspetiva global sobre a sua “infertilidade inexplicada”, etc.
São sessões de informação, de formação ou de consultoria e essa informação pode ser consultada diretamente no site do Círculo Perfeito na página dos Agendamentos, onde são feitas as marcações. 
Só consigo aceitar novos casos quando os que tenho em mãos estão encaminhados e neste momento estimo abrir novas vagas no finalzinho do ano para a Primavera de 2022.  

instragram: @circuloperfeito_

site: https://circuloperfeito.com

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