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O papel do Pai - entrevista com o Doutor Nuno Hipólito

O papel do Pai - entrevista com o Doutor Nuno Hipólito

O Doutor Nuno Hipólito Santos é Médico Especialista em Medicina Geral e Familiar e vem à edição 2022 da conferência Mommy Talks falar sobre a visão do pai desde pré-concepção, parto, pós parto e primeira infância.



Mudámos muito o entendimento sobre o que é “ser pai” nos últimos anos, não foi?

Como o explicaria e como caracteriza esta mudança.



São conceitos evolutivos. Os nossos avós fizeram de uma forma, os nossos pais evoluíram e nós estamos agora a fazer o nosso próprio percurso. A sociedade também é muito diferente. Temos praticamente 50 anos de democracia e liberdade em Portugal, somos uma sociedade muito mais aberta e em constante crescimento. Hoje em dia há uma franja da população com filhos que quer fazer de forma diferente, oferecer coisas diferentes aos filhos. Custa-me um pouco generalizar porque somos todos diferentes e temos vivências distintas, mas a grande mudança é que procuramos compreender melhor a criança. Voltámos a investir na amamentação, na proximidade e no carinho. Caminhamos todos a velocidades diferentes, mas caminhamos.

Vemos cada mais pais envolvidos, relações em que se trabalha para uma verdadeira divisão de tarefas e responsabilidades. 

Estou convencido que os meus filhos vão educar os seus filhos de forma diferente e olharão de forma crítica para a forma como o estamos a fazer agora. Mas todas as gerações deram o melhor que tinham com a educação e conhecimentos disponíveis e em contextos muito diferentes





Fala-se cada vez mais de uma ideia de “estamos grávidos”. Concorda com esta “partilha” da gestação?  



Sim, claro. Mas o nosso enquadramento legal não facilita a que isso seja efetivamente uma realidade. Como sabem, sou médico de família e ainda é muito raro ver um homem acompanhar uma mulher grávida às suas consultas (ou a consultas de pré concepção). Provavelmente muitos até gostariam, mas como sociedade não temos políticas públicas que fomentem isso e que incentivem outros homens a iniciarem este caminho de partilha. Também tenho que ser crítico com a minha própria profissão e confessar que o sistema também é rígido e tem limitações que dificultam o acesso de muitos casais aos serviços de saúde. 

Em todas as fases da vida de um casal e de uma família eu concordo com a partilha das responsabilidades, dos direitos e dos deveres. 





Os primeiros meses (anos?) a mãe é o centro do mundo do bebé, é onde encontra alimento e familiaridade. O pai também pode ser este centro? 



Pode e deve. É importante criarmos vínculos com os nossos filhos e isso faz-se desde a gravidez. Podemos falar e cantar para uma barriga, podemos fazer pele com pele, podemos fazer babywearing, podemos estar presentes e podemos partilhar as restantes responsabilidades que temos em casal. Naturalmente que não consigo oferecer aos meus filhos tudo o que uma mãe oferece, mas complementamo-nos. 

O problema é que, como sociedade, ainda olhamos com alguma indiferença para todo este processo de nascimento e desenvolvimento. Temos imensas crenças e mitos enraizados. Achamos muito exótico ver um pai a trocar uma fralda, achamos logo que é um pai extraordinário. 





Onde deve estar focada a atenção do pai durante a gravidez e primeiros meses? Qual é o seu principal papel? 



Talvez seja uma ideia repetida, mas o principal papel do pai é acompanhar todo o processo, envolver-se e informar-se. Há decisões e planos que têm de ser feitos e, geralmente, assumimos que essas decisões pertencem à mulher. Pertencem, naturalmente, ao casal que deve estar empoderado e muito informado. O papel do pai é amor, carinho, apoio incondicional, defesa e proteção. Mas atenção que também somos vulneráveis. Temos dúvidas, receios, medos e preocupações. Partilhar tudo isto em casal ajuda-nos a gerir todas estas emoções, integrá-las nas nossas vivências e ultrapassá-las. 

Um pai envolvido e informado é um pilar importante de confiança e estabilidade para uma mulher que pode ter de ultrapassar vários desafios num curto espaço de tempo. 



 



A prática do babywearing e a utilização de Slings pode ser positiva para o pai e bebé? 



Para mim foi muito importante. Na verdade, gostaria de ter feito ainda mais. Recordo vivamente a primeira vez que fui sozinho à rua com um pano elástico muito amarelo. Gostava de dizer que hoje em dia já é mais comum, e é, mas ainda assim é pouco frequente vermos pais a fazerem babywearing - pelo menos na cidade onde vivo, Braga. 

É excelente para criarmos vínculos, é fundamental para estarmos no centro da parentalidade. Vejo muitas famílias preocupadas com o padrão de mamadas dos seus filhos recém-nascidos, porque nos esquecemos que um bebé não nasce seguro e a confiar no mundo que o rodeia, e que não conhece. Um recém-nascido precisa de proximidade, calor, pele com pele e segurança. E tudo isso pode ser feito com o babywearing. 





Estes e outros temas vão estar em debate nas conferências e as inscrições para as Mommy Talks estão disponíveis aqui.



DR NUNO HIPÓLITO SANTOS

Medicina Geral e Familiar



Médico especialista em Medicina Geral e Familiar desde 2019 e Consultor deLactação Certificado (IBCLC) desde 2022.

Tem formação em diversas áreas, como doenças respiratórias, psicofarmacologia, e competências de comunicação clínica.
Para além da atividade clínica no apoio à família grávida, amamentação e puerpério, é também ativista dos direitos da mulher com enfoque específico na violência obstétrica.

Formador de futuros consultores de lactação e formador de profissionais de saúde e estudantes de medicina.

Pai de dois rapazes e feminista.

Instagram: @nunohsantos.ibclc

Facebook: https://www.facebook.com/nunohsantos.ibclc

e-mail: nunohsantos.ibclc@gmail.com 



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