A Hesitação Vacinal e o estudo sobre a realidade em Portugal - com a Doutora Filipa Gomes
Falámos com a Dr.ª Filipa Gomes, Médica Interna de Formação Especializada em Saúde Pública, sobre a hesitação Vacinal, uma tendência que ocorre em elevadas percentagens em alguns países e que tem trazido consequências nefastas para a saúde de recém-nascidos e crianças. Agora que se realiza um estudo português, é a altura certa para saber mais sobre este tema.
Se tem uma Pulguinha até aos 17meses de idade participe agora neste estudo e ajude a compreender melhor a realidade portuguesa:
O que é o Programa Nacional de Vacinação?
O Programa Nacional de Vacinação é um programa universal e gratuito que existe em Portugal desde 1965. O seu objetivo é proteger a população contra doenças que são preveníveis pela vacinação. Este programa é coordenado pela Direção-Geral da Saúde e é atualizado periodicamente. O Programa Nacional de Vacinação pode ser consultado na íntegra aqui.
Quais as vacinas incluídas no Programa Nacional de Vacinação?
A última atualização do Programa Nacional de Vacinação ocorreu em 2020, sendo, atualmente, recomendadas as vacinas contra as doenças indicadas neste quadro.
Quadro 1. Esquema geral de vacinação recomendado no Programa Nacional de Vacinação 2020. Fonte: Portugal. Ministério da Saúde. Direção-Geral da Saúde. Programa Nacional de Vacinação 2020. Direção-Geral da Saúde. Lisboa; 2020.
Quem tem direito a ser vacinado?
Todas as pessoas presentes em Portugal têm o direito a ser vacinadas, mesmo que não estejam registadas no Serviço Nacional de Saúde e/ou não tenham número de utente de saúde. Os serviços de saúde devem aproveitar todas as oportunidades existentes para verificar o esquema de vacinação e, vacinar, caso haja alguma vacina em atraso e desde que a idade e intervalos mínimos de vacinação sejam respeitados.
Existe uma boa cobertura vacinal em Portugal?
A cobertura vacinal é o número de pessoas vacinadas de forma adequada em relação ao número total de pessoas da população. Uma elevada cobertura vacinal para uma determinada doença contagiosa permite atingir a imunidade de grupo, impedindo a propagação dessa doença na população e protegendo mesmo as pessoas que não podem ser vacinadas.
Portugal apresenta das mais elevadas taxas de cobertura vacinal da União Europeia. Segundo dados da Direção-Geral da Saúde de 2020, em Portugal Continental, a cobertura vacinal foi igual ou superior a 95% nas vacinas recomendadas pelo Programa Nacional de Vacinação, para as crianças com idades entre os 0 e os 7 anos. Apenas numa dose de uma das vacinas se verificou um valor inferior (93%) nas crianças de 6 anos.
O que é a hesitação vacinal?
De acordo com o Strategic Advisory Group of Experts (SAGE) on immunization, o principal grupo consultivo da Organização Mundial de Saúde no que reporta à vacinação, a hesitação vacinal pode ser definida como “(...) o atraso na aceitação ou recusa de vacinas apesar da disponibilidade dos serviços de vacinação. É um fenómeno complexo, específico do contexto e que varia ao longo do tempo, local e vacinas. Inclui fatores como a complacência, conveniência e confiança.”. Vários fatores podem influenciar a hesitação vacinal, nomeadamente, fatores do contexto, do indivíduo e do seu meio social, assim como fatores específicos de certas vacinas e da vacinação em si.
O que sabemos sobre este tema em Portugal?
Em Portugal, ainda não existe muita informação sobre hesitação vacinal e os fatores que podem estar associados a esta, nomeadamente os fatores relacionados com o Programa Nacional de Vacinação. Por essa razão, está a ser desenvolvido o estudo “A hesitação vacinal em crianças até aos 12 meses e o Programa Nacional de Vacinação, em Portugal”, que pretende ouvir a opinião dos pais em relação à vacinação das crianças. Poderão participar neste estudo os pais de crianças até aos 17 meses de idade, inclusive, residentes em Portugal, sendo apenas necessário responder a um questionário online anónimo. O tempo de resposta é de cerca de 10 minutos.
Só com a sua participação conseguiremos obter a informação necessária sobre este tema. Responda ao questionário até 30 de junho e partilhe nas redes sociais: facebook, instagram, linkedin, twitter.
Este estudo está inserido no âmbito do desenvolvimento de uma dissertação de Mestrado em Saúde Pública na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e obteve parecer favorável da Comissão de Ética da ENSP (30/01/2023).
Em caso de dúvidas ou questões, pode entrar em contacto com a responsável pelo estudo, Filipa Gomes: fia.gomes@ensp.unl.pt.
Filipa Gomes
Médica Interna de Formação Especializada em Saúde Pública e estudante do Mestrado em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa
Bibliografia
Entra em vigor o novo Programa Nacional de Vacinação [Internet]. Serviço Nacional de Saúde. 2017 [citado 30 de maio de 2023]. Disponível em: https://www.sns.gov.pt/noticias/2017/01/02/novo-plano-de-vacinas/
Fonseca IC, Pereira AI, Barros L. Portuguese parental beliefs and attitudes towards vaccination. Health Psychol Behav Med. 6 de maio de 2021;9(1):422–35
MacDonald N, The SAGE Working Group on Vaccine Hesitancy. Vaccine hesitancy: Definition, scope and determinants. Vaccine. 2015
Portugal. Ministério da Saúde. Direção-Geral da Saúde. Boletim n.o 4 - Programa Nacional de Vacinação. 2021
Portugal. Ministério da Saúde. Direção-Geral da Saúde. Programa Nacional de Vacinação 2020. Direção-Geral da Saúde. Lisboa; 2020
World Health Organization. Meeting of the Strategic Advisory Group of Experts on immunization, October 2014 – Conclusions and recommendations
World Health Organization - Strategic Advisory Group of Experts on Immunization (SAGE). [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2022 [citado 26 de novembro de 2022]. Disponível em: https://www.who.int/groups/strategic-advisory-group-of-experts-on-immunization/about
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