Montessori e a parentalidade consciente - entrevista com Rita Gameiro
Numa altura em que se torna cada vez mais necessário encontrar o equilíbrio nas relações e saber dar a melhor resposta a casos em que pais e filhos são empurrados para extremos, importa falar com quem traz propostas de valor.
É o caso de Rita Gameiro com quem falamos sobre a abordagem Montessori e a parentalidade consciente. Uma conversa a não perder e para a qual também podem contribuir deixando comentários no artigo ou enviando-nos uma mensagem.
Como começou o interesse pela metodologia Montessori?
O grande gatilho tem nome: BENEDITA (a minha filha)! Eu sou fruto da famosa educação tradicional (com tudo o que ela pode incluir).
Quando engravidei, senti imediatamente que deveria fazer algo de diferente pela Benedita. Era urgente arranjar uma alternativa que promovesse mais respeito, empatia, liberdade e autonomia por este novo ser que, não tarda, iria chegar.
Começaram as pesquisas e... Voilá! A metodologia Montessori convenceu-me imediatamente.
Sou licenciada em Sociologia e rapidamente descobri uma incrível analogia entre esta área e a abordagem Montessori. Ambas realçam a importância do ambiente, da interação humanada e do respeito pelo indivíduo.
É, portanto, desta fusão entre a minha área de formação inicial (Sociologia) e a minha paixão pela metodologia Montessori que nasce a forte motivação para ajudar outras mães a criar um ambiente estimulante e respeitador para si próprias e para os seus filhos.
EM TRAÇOS GERAIS, O QUE TÊM A GANHAR PAIS E FILHOS COM ESTA ABORDAGEM?
As mais valias que esta abordagem traz para pais e filhos, a diferentes níveis são, atrevo-me a dizer, totalmente indiscutíveis.
Focando no meu contributo: ensinar a aplicar esta metodologia especificamente na resolução de birras e conflitos com os filhos, dizer que, por um lado, capacita as mães, que passam a entender e a atender às necessidades emocionais dos seus filhos, cultivando uma relação mais profunda e harmoniosa.
Ao aplicar os princípios Montessori, as mães acabam por desenvolver a habilidade de direcionar momentos que seriam de enorme stress e negatividade, de maneira positiva, o que lhes traz mais SERENIDADE.
Por outro lado, para os bebés/crianças, esta metodologia significa um ambiente onde se sentem ouvidos e compreendidos, ajudando-os a comunicar as suas emoções de maneira mais eficaz e construtiva.
O RESULTADO? A construção de laços muito mais fortes e a preparação de mães e filhos para enfrentar qualquer desafio com respeito e empatia.
O QUE SÃO AS BIRRAS?
As birras são manifestações naturais de frustração e de emoções intensas em crianças, frequentemente exprimidas por meio de choro, gritos, esperneios e comportamentos que podem ser MUITO desafiantes.
São momentos em que os pequenos ainda estão a aprender a lidar com as suas emoções e a comunicar as suas necessidades.
Como parte do meu objetivo, ajudo as mães a compreender as birras sob a perspectiva Montessori, capacitando-as a responder de maneira positiva.
Quando uma mãe tem a informação suficiente para perceber que uma birra NÃO se trata de um ataque pessoal, mas sim de uma forma de expressão de emoções complexas, ela encontra-se capacitada a responder de maneira compassiva e eficaz.
QUE CONSELHO DÁ AOS PAIS QUE SOFREM COM AS BIRRAS?
O meu conselho para os pais que sofrem com birras é passar a abordar estes momentos com empatia e compreensão. É essencial lembrar que as birras são expressões normais de emoções complexas em desenvolvimento.
Num momento de birra, encarar a situação como uma oportunidade para se conectarem com os seus filhos de uma maneira mais profunda .
REPITAM COMIGO: ‘’Cada birra é uma nova oportunidade para eu fortalecer os laços com o meu filho e ensinar-lhe habilidades emocionais valiosas, que servirão para toda a sua vida."
TEM ALGUM COMENTÁRIO A FAZER EM RELAÇÃO AO CASO DE UMA MÃE QUE CONTROLOU A FILHA DE 3 ANOS COM ÁGUA FRIA?
O QUE PODE DIZER SOBRE ESTA ABORDAGEM?
Esta polémica que veio à tona há pouco tempo e que envolveu o uso de água fria (por parte de uma mãe) para controlar uma birra é ALARMANTE e levanta preocupações sérias sobre a abordagem adotada.
Não me canso de reforçar que as birras são momentos de expressão emocional para as crianças, e tentar controlá-las através de métodos punitivos pode ter consequências extremamente negativas tanto a nível emocional, quanto no vínculo entre mãe e filha, no caso.
Na abordagem que defendo, valoriza-se o entendimento das emoções da criança e a constituição de um ambiente onde elas possam aprender a lidar com as suas emoções de maneira saudável.
Em vez de reprimir ou punir, a visão que defendo sugere que os pais ajudem as crianças a compreender e, inclusivamente, a dar nomes às suas emoções, proporcionando apoio e conforto durante momentos de dificuldade.
OS CASTIGOS FAZEM FALTA?
NENHUMA!
A perspectiva que defendo é a de que os castigos não são a abordagem mais construtiva na educação das crianças.
Em vez de criar um ambiente de aprendizagem e de crescimento, os castigos geram medo e ressentimento.
A abordagem Montessori valoriza a compreensão das necessidades e emoções da criança, promovendo o diálogo e o entendimento mútuo.
Ao invés de serem impostos castigos, eu sugiro sempre abordagens mais empáticas e educativas para lidar com situações desafiantes, ajudando a criança a desenvolver habilidades emocionais e comportamentais saudáveis.
ONDE PODEM OS PAIS RECEBER ACONSELHAMENTO SEU?
Em Setembro abrem-se portas para um curso REVOLUCIONÁRIO!
Adianto já que este não é um curso comum. São guias práticos e acionáveis, projetados (e totalmente personalizados) para se encaixar na realidade de cada mãe e de cada casa. Obviamente que a teoria é importante, mas eu acredito que as soluções práticas são o que faz a diferença!
Para além do curso, dou aconselhamento (e publico conteúdo) regular na nossa página do Instagram e Facebook; Uma vez por semana pratico, via Instagram, o dia das ‘’Perguntas&Respostas’’, em que tenho caixas de perguntas abertas, durante 24h.
De momento, está disponível ainda um eBook GRATUITO , com os ‘’10 PASSOS PARA SERES UMA MÃE MAIS CONFIANTE’’, que conta com o meu aconselhamento a vários níveis.
Quanto mais confiante uma mãe é, mais serenidade existe. A serenidade, por sua vez, permite que se responda às situações com calma e empatia.
Rita Gameiro
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