Como usar aromaterapia para bebés? Entrevista com Renata Sampaio
Renata Sampaio é farmaceutica e aromaterapeuta e é com ela que falamos sobre aromaterapia e sobre como pode ser utilizada pelas famílias com bebés.
No seu Instagram @sublimis_essentia podes encontrar mais conselhos práticos e informações úteis. Se tiveres qualquer dúvida ao leres esta entrevista, deixa em comentário as tuas questões.
A aromaterapia é segura para bebés?
Antes de responder à pergunta quero apenas esclarecer que aromaterapia não é o mesmo que óleos essenciais, ou seja, quando falamos em aromaterapia falamos na utilização de óleos essenciais, óleos vegetais e hidrolatos para harmonizar algum distúrbio físico, mental ou emocional.
Posto isto, sim a aromaterapia é segura para bebés. No entanto, os óleos essenciais apenas devem ser utilizados mediante aconselhamento por um profissional qualificado para tal. Podemos usar a partir dos 3 meses de vida, mas apenas quando se justifica e não de forma diária. Isto porque as ligações entre os neurónios ainda não se encontram estabelecidas ao nascimento e o olfato é um dos sentidos que vai ajudar à sua formação, ao introduzirmos um aroma muito forte (os óleos essenciais são super concentrados em moléculas aromáticas) estamos a prejudicar que o bebé consiga interpretar o cheiro dos seus cuidadores e do ambiente que o rodeia.
Que óleos são recomendados para que efeito? Quais podem ser os mais úteis para famílias com bebés?
Os óleos essenciais mais usados em bebés e crianças são a lavanda verdadeira (Lavandula angustifolia) e a camomila romana (Chamaemelum nobile). Ambos têm ação calmante e relaxante, sendo muito usados em questões de sono e a camomila romana é um óleo essencial com propriedades antiespasmódicas, ajudando nas cólicas. No entanto, gosto muito da copaíba (Copaifera officinalis) para problemas respiratórios.
Que óleos não são de todo recomendados e porquê?
Há um grande número de óleos essenciais interditos a bebés e crianças, mas vou enumerar alguns.
Mentas não devem ser usadas porque têm o mentol que se liga aos recetores cerebrais do frio e diminui a frequência respiratória, há ainda casos de reações anafiláticas com óleo essencial de hortelã pimenta.
Óleos essenciais ricos na molécula 1,8-cineol (por exemplo alguns eucaliptos, alecrim qt cineol ou ravintsara), pois esta tem ação expectorante e pode provocar broncoespasmo.
Outros óleos essenciais não recomendados são os ricos em cetonas (apresentam neurotoxicidade), os ricos em fenóis (como o de orégão, canelas ou tomilho) por serem dermocáusticos e as sálvias que têm ação hormonal. Mas existem muitos outros!
Como devem ser utilizados os óleos recomendados para bebés?
Há regras de segurança a ter em conta?
Existem regras de segurança sim. Podem ser usados por difusão, com difusões não superiores a uma hora seguida. Podem também ser usados topicamente, desde que diluídos em óleo vegetal. Nunca devem ser aplicados em mucosas nem ingeridos. As restantes regras de segurança vão depender de vários fatores como idade da criança, existência de patologias crónicas ou não e problema a ser resolvido.
Em que divisões da casa devem estar?
Os óleos essenciais devem ser conservados ao abrigo da luz e do calor. Robert Tisserand (especialista em segurança e toxicidade) defende que devem ser conservados no frigorífico. E claro que não devem estar ao alcance das crianças.
Podem ser colocados na roupa?
Eu pessoalmente não gosto de recomendar esta forma de uso, mas há quem o faça.
Podem ser colocados sobre a pele?
Desde que previamente diluídos em óleo vegetal, nas proporções adaptadas.
Podem ser colocados no banho?
Tal como acontece com a aplicação da pele, também aqui devem ser diluídos em óleo vegetal ou solubol. Os óleos essenciais não são solúveis nem miscíveis em água.
Que outros cuidados devem os pais ter ao fazer aromaterapia em suas casas?
Procurar sempre aconselhamento com um aromaterapeuta qualificado para garantir eficácia e segurança de uso terapêutico. Os óleos essenciais são maravilhosos, mas há situações em que pode ser mais benéfico usar apenas óleo vegetal ou um hidrolato.
Gostava ainda de acrescentar que existem diferentes escolas de aromaterapia e, por vezes, podem encontrar informações contraditórias. Ao longo da minha evolução e aprendizagem percebi rapidamente isso e, neste momento, faço uma prática de aromaterapia baseada na segurança.
Para além disso, a aromaterapia sendo uma ciência, rapidamente evolui e novos estudos científicos vão surgindo. Inclusive, no passado, já dei aconselhamentos que hoje já não dou, precisamente porque os novos estudos científicos vieram mostrar que é mais seguro de outra forma.
Sabe mais e segue a farmacêutica Renata Sampaio:
Email: sublimisessentia@gmail.com
Instagram: @sublimis_essentia
Sumário biográfico: Farmacêutica Formada pela Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e pós-graduada em Gestão e Direção de Serviços de Saúde pela Porto Business School.
Aromaterapeuta formada pela Aromacare e diplomada em Aromatic Science pelo Tisserand Institute, com quem tenho o prazer de colaborar atualmente.
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