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O Desenvolvimento da Linguagem

O Desenvolvimento da Linguagem

 

Para dar resposta às perguntas mais frequentes dos pais sobre o desenvolvimento da fala estivemos a conversa com a Dr.ª Sílvia Lapa, Terapeuta da Fala e Técnica de Educação Especial. Trabalha há 12 anos no CADIn com crianças com perturbações da linguagem e dificuldades de aprendizagem. É mãe de duas pulguinhas de 1 e 4 anos, que lhe têm ensinado muito sobre linguagem e fala e é ainda autora do blog Sopa de Letras.

 

A partir de que idade devem os pais preocupar-se com o desenvolvimento da linguagem da sua Pulguinha?

 

Antes de mais, o desenvolvimento da linguagem não deve ser uma preocupação mas antes um percurso único que deve ser acompanhado pelos pais com emoção e atenção. A aquisição da linguagem é dos processos mais notáveis que a criança atravessa e os pais devem celebrar e incentivar cada novo passo.

Se uma criança com cerca de 2 anos fala apenas com palavras soltas e outra da mesma idade já se expressa com frases, isto não significa necessariamente que a primeira terá um problema de linguagem nem o seu desempenho é preditor de dificuldades futuras por si só.

 

Contudo, podemos dizer que:

-       se numa fase precoce, por volta do ano de idade, o bebé não mostra interesse na comunicação com o outro, não aponta, não imita “gracinhas”, será pertinente procurar um terapeuta da fala ou pelo menos falar nisso ao pediatra.

-       se numa fase mais avançada, aos 3 anos, a criança ainda tem um discurso praticamente impercetível e existe uma dificuldade em comunicar com os outros, então será importante procurar um terapeuta da fala que a avalie e trace um plano de intervenção em conjunto com os pais.

 

 

Há uma percepção de que as crianças passam cada vez mais tempo a ver TV, jogar tablet, consola etc. isto é prejudicial ao desenvolvimento da linguagem?

 

Ao contrário do que parece numa primeira análise, nem tudo é negativo quando se fala de TV e jogos eletrónicos. A TV por exemplo fornece com frequência modelos positivos e corretos de linguagem. As personagens dos desenhos animados sugestionam muitas vezes o jogo simbólico. É frequente observar-se crianças a brincar imitando personagens e heróis da TV. Da mesma forma, a TV pode promover indiretamente a socialização, quando a criança encontra vários pares da mesma idade com os mesmos programas infantis de interesse e juntos recriam cenas com os seus personagens de referência.

 

As palavras-chave são moderação e adequação. Moderação, na quantidade de tempo que se permite à criança despender nestas atividades. Tempo esse que não a deve privar de momentos-chave de socialização e de atividades ricas do ponto de vista linguístico como a leitura. E adequação, na escolha dos conteúdos apropriados para cada idade.

 

Um estudo de Linebarger & Walker comprovou que programas adequados e desenhos animados com cariz narrativo promovem o vocabulário e a expressão oral, sobretudo quando vistos em conjunto com o adulto e limitado no tempo.

 

O principal problema dos jogos de tablet e consolas é quando incentivam o isolamento de quem o joga. Enquanto que há jogos que requerem pensamento lógico e estratégico, resolução de problemas e até intervenção conjunta dos jogadores, há outros jogos que não solicitam qualquer esforço mental, apenas disparar contra personagens ou saltar plataformas para alcançar prémios. É obvio que a criança que ocupa o seu tempo a jogar desta forma, sem momentos de socialização, sem modelos de linguagem, está a perder oportunidades de participar em atividades que promovam o desenvolvimento da linguagem.

 

O que podem os pais fazer em casa para promover a linguagem?

 

O papel mais importante dos pais é o de criar um ambiente de confiança, amor e disponibilidade. O que a criança mais precisa é de oportunidades para conversar diariamente. Os pais devem reservar um tempo especial, com a televisão desligada, o telemóvel afastado e ouvir a criança. Falar sobre o que aconteceu, deixar a criança liderar a conversa e fazer questões abertas. Se por acaso a criança ainda não consegue dizer bem alguns sons, os pais não devem insistir para repetir mas devem falar pausadamente e mostrar-lhe assim o modelo correto desses sons nas palavras.

 

É essencial que os pais tenham em mente que não é a sua responsabilidade sentarem-se à frente dos filhos a fazer exercícios que os ensinem a falar. O mais benéfico é dar-lhe modelos de fala e responder às suas interações com entusiasmo. Por outro lado, costumo dizer muito aos pais para lerem com os filhos. Ler muito, ler sempre e desde sempre! Desde que são bebés, os filhos tiram imenso proveito de ouvir os pais a ler, observar os livros, apontar, comentar, recontar, perguntar. Devia ser um hábito diário.

 

 

Sílvia Lapa é Terapeuta da Fala e Técnica de Educação Especial.

Trabalha há 12 anos no CADIn com crianças com perturbações da linguagem e dificuldades de aprendizagem.

É mãe de duas pulguinhas de 1 e 4 anos, que lhe têm ensinado muito sobre linguagem e fala.

É ainda autora do blog Sopa de Letras .

email: info@sopadeletras.pt

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