Quando as Pulguinhas estão ainda a aprender como funciona o mundo, a importância que damos às tecnologias e a forma como as apresentamos, moldam a percepção e a relação que aqui tem início. Estaremos a criar pequenos dependentes de tablets e telemóveis? Quando os desenhos animados no ecrã são a nova 'chucha' que acaba com as birras ou ajuda a distrair para o almoço, estamos a fazer um bom uso dos novos recursos ou há perigos neste comportamento?

Falámos com a Dra. Rosário Carmona e Costa para perceber o que podemos fazer enquanto pais para criar uma relação equilibrada entre os nossos filhos e as novas tecnologias.

I-Agora é o novo livro de Rosário Carmona e Costa, lançado a 20 de Abril, que fala sobre a urgência de se repensar a forma como as famílias se deixam invadir pelas novas tecnologias que são novas ferramentas de educação poderosas e altamente válidas... Desde que ninguém se deixe dominar por elas. 

1. O que podemos esperar, e a quem se destina, este novo livro?

Um livro para todos os pais, de leitura fácil e linguagem acessível que reúne as perguntas que oiço constantemente em consulta acerca dos ecrãs, das famílias e do desenvolvimento das crianças. O formato em perguntas e respostas permite que a leitura possa ser pontual ou, até, de consulta consoante a fase de desenvolvimento das crianças ou jovens da família.

2. Como apresentar as novas tecnologias às Pulguinhas pequenas?

As tecnologias não precisam de ser excluídas da vida das crianças mas precisam de fazer parte do dia-a-dia como apenas mais uma coisa num conjunto alargado de outras que lhes despertem interesse. Devem ser apresentadas como um privilégio e não como um direito adquirido. 

3. E quando elas já conhecem as novas tecnologias? Temos casos de tablet ao almoço no restaurante, o telefone a aclamar a impaciência enquanto se espera...

O que é razoável, o que é demais? Que comportamentos devemos corrigir, deles e nossos (dos pais)?

 É sempre demais se utilizarmos as novas tecnologias como meio de conseguir a realização de um comportamento dos nossos filhos: é suposto promovermos, neles, a competência de se autocontrolarem e autorregularem de forma a conseguir cumprir as regras ou interpretar o contexto sem que isso seja feito por um objeto exterior. Se os pais sentirem que chegaram a este ponto é importante saberem que há possibilidade de retorno! No livro, inclusivamente, há testemunhos de pais que o fizeram.

Quanto aos pais... é fundamental que se lembrem que são o principal modelo de comportamento para os filhos!

4. Que truques podemos utilizar para ter um estilo de vida equilibrado nos ‘consumos’ de ecrãs?

Não vou desvendar todos para que se sintam motivados a ler mas posso deixar 3:

- Eliminar a TV de fundo (televisão ligada só a fazer companhia, quando ninguém está a ver)

- Não permitir ecrãs nos quartos

- Estimular o interesse por um conjunto alargado de atividades possíveis offline. 

Sobre a autora:

Rosário Carmona e Costa é psicóloga clínica, pós-graduada em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental de Crianças e Adolescentes, com experiência clínica em perturbações do desenvolvimento e socio-emocionais e com especial interesse por competências sociais, ansiedade, depressão e bullying.

Especializada em Psicologia da Web e Cyberbullying, realiza, desde a sua passagem por Singapura, onde estagiou num programa de prevenção da dependência da Internet, trabalho de investigação na intervenção e formação a pais, professores e jovens nas novas dependências, uso excessivo e inadequado das novas tecnologias e cyberbullying.

Contactos:

rcc.saudestrutural@gmail.com