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Regresso às aulas – Como garantir um ano lectivo de sucesso para os seus filhos

Regresso às aulas – Como garantir um ano lectivo de sucesso para os seus filhos

 

 

Um novo ano lectivo começa agora e não são só eles que têm de preparar a mochila. Também os pais precisam de arrumar a bagagem para esta viagem. Para nos ajudar, falámos com Cátia Sacadura, especialista em Diagnóstico e intervenção de Dificuldades Específicas de Aprendizagem. Revimos a matéria no que trata de recompensar o mérito, lidar com as frustrações ou desilusões e garantir que sabemos acompanhar e dar resposta às dúvidas mais comuns sobre o papel dos pais nesta fase de recomeço.

Se este é o primeiro dia de escola, a chegada a um lugar novo, veja também aqui algumas das nossas sugestões para acompanhar os seus filhos em tudo o que precisam neste momento tão especial.

 

 

Olá, Cátia, aqui estamos novamente, a estrear um regresso às aulas...

 

Setembro. Início do ano letivo. Mês de (re)organização e renovação. Despertamos novamente para as expetativas em relação ao ano que aí vem. Com elas vêm os sonhos, a garra para conseguir mais e melhor, mas também os papões deixados adormecidos no início das férias. A maioria de nós encara o início do ano letivo com orgulho nas nossas Pulguinhas, que seguem o seu percurso com naturalidade. Mas, porque estudar também é crescer, também sentimos medo, de não estar fazer bem ou o melhor para o seu futuro.

 

 

Deve haver recompensas para as boas notas?

 

Comecemos pelo termo recompensa. Habitualmente utilizamos o termo recompensa para definir o acto de premiar, reconhecer. Portanto existem várias formas de recompensar, materiais e não materiais. Admitemos, as materiais são menos interessantes. É verdade que têm um efeito rápido e que muitas vezes funcionam a curto prazo. Mas o que estamos nós a transmitir com um: “Se estudares e tiveres acima de 80% dou-te uma consola?”. Reparem, em primeiro lugar, o objetivo não é o correto, estamos a colocá-lo em algo exterior. Não promovemos um milímetro o interesse pelo estudo ou a autossatisfação em atingir um objetivo intrínseco. O problema da motivação extrínseca é que se esgota no instante em que se dá consola. E depois? Qual é o prémio seguinte? Rapidamente deixa de ser interessante. Naturalmente que é muito mais difícil desenvolver uma motivação intrínseca em conseguir bons resultados, exige mais trabalho, mas é um ciclo que se alimenta a si próprio: quando consigo, fico satisfeito e quero obter mais sucesso.

Claro que com as Pulguinhas mais novas temos que ser concretos pois grandes discursos “entram a 100 e saem a 200”. Portanto podemos recompensar de forma concreta, sem que seja necessariamente material. São exemplos: dar um passeio diferente; mais tempo de brincadeira; ataques de abraços e beijinhos; ver um filme juntos; fazer o seu prato favorito; conquistar carimbos ou autocolantes; colocar o bom resultado num sítio em que todos vejam; fazer um bolo; ter uma moldura da glória para tirar fotos; escolher um jantar para encomendar; fazer um experiência cientifica; ir ao teatro ou a um concerto.

Lembre-se que devemos recompensar/premiar o esforço, o progresso e não apenas o objetivo final. Os grandes sucessos são feitos de pequenos sucessos.

 

 

As notas têm influência na autoestima da Pulguinha?

 

 Sim. Quanto mais importância a criança der à competência escolar mais irá influenciar negativamente a sua autoestima. Atualmente, grande parte das famílias valorizam os resultados escolares e o modo como estes têm influência no futuro. Se a criança é confrontada repetidamente com o insucesso em algo que toma como importante para si e para os pais, mais, se se compara com os pares e estes conseguem obter melhores resultados (às vezes com menos esforço), tal tem impacto na sua autoestima. Muitas são as crianças que me chegam a dizer que são “burras”, que nunca vão conseguir ser bons em nada ou que sentem desiludir os seus pais. Este é sem dúvida um ponto ao qual se deve estar atento.

Em todos os casos, mas principalmente nestes casos, a criança deve ser integrada em outros contextos que não sejam dependentes da competência académica e que lhe permitam sentir-se capaz, valorizada e redescobrir áreas em que é bom. São exemplos os desportos coletivos, as escolas de música, os escu(/o)teiros, entre outros. Deve ser tomado em conta o interesse da criança e aquilo em que se destaca positivamente.

 

 

Como devem os pais reagir quando há más notas/maus resultados na escola?

 

Os pais devem manter uma postura calma, mas ativa na busca de respostas. Tal irá ajudar a modelar o comportamento da Pulguinha no futuro. Portanto, perante um mau resultado, pais e filho devem tentar compreender o que se passou. Existe uma enorme quantidade de fatores que podem influenciar o resultado numa avaliação: desinteresse, distração, problemas em casa ou com os amigos, falta de estudo, mudança de nível e desajuste dos métodos e hábitos de estudo, desorganização, entre outros tantos.

 

Na maioria das vezes, conversando sobre a situação e procurando soluções conjuntas, a criança consegue reorganizar-se. Muitas vezes, o mau resultado deveu-se ao processo de estudo. Os pais devem manter-se disponíveis para analisar o problema e encontrar soluções, mas atenção, tal não significa que devam substituir o filho na tarefa de organizar o estudo ou impor um método. Olhem para o horário juntos, reflitam sobre quando é possível estudar, onde e como. Faça também uma reflecção sobre as expetativas. “Má nota” é um conceito subjetivo, depende das crenças e da situação. Reflita sobre as notas possíveis e estabeleça objetivos atingíveis, gradualmente mais ambiciosos.  

Naturalmente que devem ir acompanhando o processo, elogiando o esforço e posteriormente o resultado (que se espera bom). Tal irá ajudar a capacitar o seu filho para ser um estudante autónomo e pró-ativo. Hoje em dia existem imensos livros e até aplicações que ajudam o estudante a organizar-se e refletir sobre a organização e os seus métodos de estudo.

Em algumas situações, os maus resultados são constantes, mesmo após tentar implementar uma rotina de estudo ou resolver-se a situação que estava a criar distração ou mal-estar. Por vezes, a criança parece não conseguir reter aquilo que ouve ou que lê, ou está sistematicamente desinteressada pelos conteúdos escolares. Quando tal acontece deve procurar respostas de forma mais aprofundada, fale com o Professor Titular ou Diretor de Turma, procure uma equipa multidisciplinar dentro ou fora da escola que faça uma avaliação que permita compreender o que se está a passar.

 

 

Se a Pulguinha ficar retida de um ano para o outro, o que devemos fazer? Como podemos encarar?

 

Atualmente, esta é uma medida de última linha, cada vez menos se retêm alunos a não ser que de facto, todos considerem ser o melhor para a criança. Deste modo, na maioria das situações existe uma larga discrepância entre o que a criança deveria ter aprendido e aquilo que de facto conseguiu atingir. Ainda assim devemos sempre refletir o impacto emocional de uma decisão destas. Existem alguns cenários mais comuns. Por vezes a criança desistiu, não investiu, os resultados ficaram fortemente aquém e acabou por se decidir que deveria ficar retida. Muitas vezes este cenário só acontece no fim de cada ciclo, após vários anos de insucesso. Neste caso os pais devem procurar ajuda. Nem sempre o apoio em contexto escolar é suficiente, algumas crianças aderem melhor aos acompanhamentos fora da escola o que facilita o sucesso da intervenção. Outras crianças esforçam-se largamente, ainda assim não conseguem atingir alguns objetivos escolares. Tal pode ser verdadeiramente impactante se as suas dificuldades forem numa competência de base, tal como a leitura ou a escrita. Se a criança conseguir compreender oralmente toda a matéria, provavelmente não existe benefício numa retenção. Se a criança estiver constantemente a ser exposta a um conteúdo anterior e se se considerar que seria mais inclusiva uma turma do ano anterior, então a retenção pode ser uma possibilidade. Pois, se uma retenção devolve à criança a noção concreta do insucesso, o confronto constante com a discrepância com os colegas também. Se por um lado, existem vários estudos que evidenciam o impacto social e emocional ou que a retenção apenas tem um efeito importante no próprio ano ou no seguinte. Outros, relevam a importância na consolidação de competência de leitura, escrita e matemática, quando esta é feita no 1º ciclo.

 

Assim sendo:

 

-Os motivos para a retenção devem ser conversados e explicados. Determine em conjunto os motivos para tal estar a acontecer. Deve tentar encarar com uma atitude atenta e de suporte, não de julgamento.

 

- É importante ser-se positivo e disponibilizar a ajuda que a criança possa estar a precisar, dentro ou fora da escola.

 

- Por vezes as escolas têm acompanhamento tutorial, informe-se.

 

- Lembre-se que o ano será de muito trabalho, mas que deve ser estabelecido um equilíbrio entre tempo de estudo e de lazer. Alunos descansados e felizes têm melhores resultados.

 

- Promova o envolvimento social do seu filho, convidando os novos amigos e possibilitando estar na escola em tempos livres. Por outro lado, permita o convívio com os colegas da turma anterior.

 

Partilhe connosco as suas dúvidas e experiências e ajude a trocar pontos de vista aqui na família Pulguinhas. Desejamos a todos, Pulguinhas e pais, um excelente regresso às aulas e um ano lectivo cheio de sucessos!

 

 

 

 

Cátia Sacadura

 

Psicomotricista, Especializada em Educação Especial - Dificuldades de Aprendizagem Específicas

 

CADIn - Cascais e  Setúbal - catia.sacadura@cadin.net 

 

Clínica Navegantes - Oeiras - catiasacadura@gmail.com

 

 

 

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